“Pois todos os que são guiados pelo Espírito
de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão,
para viverdes outra vez, atemorizados,mas recebestes o espírito de adoção,
baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus”
Romanos 8.14-16
O Apóstolo Paulo é bastante claro
quando discerne que os filhos de Deus são identificados como aqueles a quem se
permite ser conduzidos pelo seu Espírito. Pelo Espírito do Próprio Pai. E que somos
considerados “filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.26 - NVI). (Isso
significa dizer também que, estamos envolvidos com a Trindade). Que graça maravilhosa!
Pela fé no Filho nos tornamos filhos adotivos “segundo a boa determinação de
sua vontade” (Efésios 1.5 – Almeida Século XXI). Filhos que são gerados e
filhos que são adotados. Gerados somos todos. Afinal de contas, Ele “formou o
homem do pó da terra e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida” (Gênesis 2.7). Ora,
aquilo que O Pai soprou vinha dentro de si; portanto Deus é Aquele que reparte
com a sua criação justamente o que estava em seu interior e compartilha conosco
de modo que dentro de nós também ficasse. “E o homem tornou-se uma alma
vivente” (Gênesis 2.7b). Mas, filhos que são adotados recebem a GRAÇA da
inclusão; de serem aceitos segundo o beneplácito de sua boa vontade. Pois
ninguém adota sem liberalidade; sem identificar-se com aquele que é adotado.
Sendo assim, uma vez que somos criados pelo próprio Criador por Ele também
somos adotados. Isso é amor em demasia; amor sem explicação; amor de Pai. Amor
de Abba.
Mas não recebemos o espírito de
escravidão, porque o Espírito que o Pai concede é o Espírito de Adoção. Anteriormente,
vivíamos atemorizados, mas agora envoltos nos braços do Pai protegidos pelo seu
amor, não temos o que temer, pois “no amor não há medo, pelo contrário, o
perfeito amor elimina o medo, pois o medo implica castigo, e quem tem medo não
está aperfeiçoado no amor” (I João 4.18). E é justamente esse Espírito de
Adoção que podemos chamar Deus de “Paizinho”, “Papai”.
Em seu livro “O impostor que vive
em mim”, Brennan Maning afirma que: “Em sua jornada humana, Jesus experimentou
Deus de um modo que nenhum profeta de Israel jamais tinha sonhado ou ousado
imaginar. Jesus era habitado pelo Espírito do Pai, e deu um nome a Deus que
escandalizou os teólogos e a opinião pública de Israel, o nome que saiu da boca
do carpinteiro nazareno: Aba.”
Muito provavelmente Jesus se
utilizou dessa expressão íntima quando falava com seus pais, referindo-se
inclusive ao seu pai de criação, José. Em nenhuma religião no mundo, até mesmo
no judaísmo havia precedentes desse pronome de tratamento. Jesus veio trazer
uma resignificação de YHWH. De nome, antes impronunciável, YHWH agora é Abba.
Joachim Jeremias afirma “Aba, como
forma de se dirigir a Deus, é ipsissima
vox, uma expressão original, autêntica de Jesus. Somos confrontados com
algo novo e inusitado. Nesse ponto está a grande novidade do Evangelho”.
E se não recebemos o espírito de
escravidão, recebemos assim o Espírito de Liberdade. A experiência cristã de
Deus é um chamado à liberdade. E se todos somos guiados pelo seu Espírito não
temos porque temer a liberdade. Não há espaço para concessão do pecado, da licenciosidade,
da permissividade, do contrário já não somos guiado pelo Seu Espírito. É nesse
ponto que muitos revelam um legalismo disfarçado de graça. Assim, aqueles que
vivem na angústia da liberdade da graça, precisam do cabresto da lei e resumem
a vida cristã à uma listinha de regras, entre proibidos e permitidos.
Repito e insisto: Todo aquele que é
guiado pelo Espírito de Deus, vive a liberdade do Espírito, experimenta uma
vida na GRAÇA e não teme a liberdade porque é guiado pelo Seu Espírito.
E as atitudes de quem é filho, revelam
a identidade do Pai. É isso que Jesus também veio nos mostrar; um Pai que ama,
só pode criar filhos que amam; um Pai que se doa, só poder criar filhos com o
mesmo comportamento. Mas o Espírito que recebemos, “testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus”. Há uma conexão de Espírito-espírito. Um
relacionamento. Partir daí, damos a conhecer – principalmente a nós mesmos –
quem é o nosso Pai.
Deus os abençoe.
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