quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"Sobre demônios e pecados"

Texto de Rubem Alves extraído do livro " Sobre demônios e pecados"

"Os demônios gostam de se aninhar. Seu ninho preferido é o corpo da gente. Mas não se aninham em qualquer lugar do corpo. Não se conformam em ficar num canto. Querem se aninhar em outro lugar mais querido. E qual é o lugar mais querido? É onde mora a beleza - a nossa beleza. Queremos ser belos; esse é o nosso desejo mais profundo. Sobre isso, leia o poema de Fernando Pessoa "Eros e Psique".

Não que eles gostem da beleza. Justo o contrário. Porque não gostam dela, aninham-se para ali botar seus ovos de feiura. Essa é a marca da possessão demoníaca: o possuído fica feio. Os demônios estão pouco se lixando para a moralidade, os atos bons ou maus que possamos fazer. Eles não são moralistas. São estetas. Amam a estética do horrendo. Trabalham como artistas para fazer com que fiquemos horrendos como eles."

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Coisas que ficaram para trás


“Irmãos, não penso que eu mesmo já tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”
Filipenses 3.13-14
            As palavras de Paulo à igreja em Filipos são bem conhecidas do grande público evangélico. Há, inclusive, um louvor que trata do mesmo tema. Esse versículo pode ser utilizado com diversas propostas e intenções, mas você já parou para se questionar sobre o que realmente Paulo estava querendo dizer ao afirmar coisas que ficaram para trás? Que coisas eram essas? E o que ele pretendia com prossigo para o alvo? É justamente procurando responder às essas questões que convido você a refletir comigo nesse breve momento.

            Paulo era um homem religioso, orgulhoso de si e de suas raízes judaicas e ele apresenta suas credenciais de um homem religioso. [PAUSA] A palavra carne utilizada pelo apóstolo, nesse contexto e em tantos outros, refere-se ao cumprimento moral dos seus deveres religiosos, as suas tradições judaico-religiosas; sua religiosidade em geral. Vamos lá! “Se alguém pensa que pode confiar na sua religiosidade, muito mais eu; circuncidado ao oitavo dia, da descendência de Israel, da Tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, eu era irrepreensível”. Filipenses 3.4-6. Pense bem se ele não tinha motivos do que se orgulhar.

            No entanto, para o apóstolo da graça, “o que para mim era lucro” – diz ele – o que era lucro? Sua virtuosidade com relação a religião. “[...] passei a considerar perda, por amor de Cristo”, prossegue. Paulo estava considerando como esterco (Filipenses 3.8), todo seu passado religioso de uma vida sem Cristo. Ele sabia muito bem que ninguém é justificado pela lei (Gálatas 3.11), mas que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei (Romanos 3.28). Desse modo, ele prosseguia para o alvo, que é Cristo (Romanos 10.4), o fim da lei. É em Cristo que todo homem é moldado à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4.13).

            Isso nos leva a pensar da seguinte forma: Cristo é o “divisor de águas” na vida de um pecador, como também na vida de um religioso. Existe muito religioso que excluindo Cristo e sua graça, leva uma vida des-graçada. Quando reduzimos o cristianismo à um cumprimento de regras religiosas ("posso ou não posso"; "devo ou não devo"), excluímos Cristo e sua graça. Quando nos orgulhamos de nossa religiosidade aparente, excluímos Cristo e sua graça. Quando achamos que somos “certinhos” demais para com Deus, excluímos Cristo e sua graça, e a consequência é uma des-graça. (Os bancos de nossas igrejas estão lotados de gente assim). É justamente isso que devemos deixar para trás. Diante de Deus não existe credenciais religiosas, e todo religioso que apresenta sua credencial é um des-GRAÇA-do. O que Paulo considerou como esterco (cocô mesmo!) tem muito religioso considerando como virtude.

            O meu convite a você nesse ano é uma vida pelo Espírito (Gálatas 5.25). Que Cristo possa fazer parte de sua vida religiosa, que você possa prosseguir para o alvo que está adiante de você, não existe méritos nessa relação, se alguém tem todo mérito, é Jesus, não somos nós. E que possamos aprender pelo Espírito a viver uma vida que agrada a Deus sem pretensão alguma de querer agradar a Deus – pois quem vive para Deus, se liberta inclusive de desejar agradá-lo e passar a imitá-lo, na pessoa do seu Filho. E que possamos alcançar a maturidade da fé, à uma vida cheia da graça e que assim, possamos viver de acordo com o que já alcançamos (Filipenses 3.16). Um abraço. Deus os abençoe.

            

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Vivendo uma vida com significado

Esse ano pode ser diferente de todos os outros. Pode ser diferente porque você aprendeu mais, errou mais, acertou mais e ganhou mais experiência. Pense se não é verdade que esse ano pode ser realmente diferente de todos os outros. E não quero lhe desanimar ao afirmar que nesse ano, você errará mais, acertará mais e terá outras experiências. Bem vindo à vida!

O sábio no livro de Eclesiastes entendeu que a vida não passa de uma sucessão de fatos sem sentido. “O que foi será novamente. O que aconteceu acontecerá de novo. Não há nada novo no mundo” (Eclesiastes 1.9). No entanto, o que a grande maioria das pessoas precisa para sair dessa rotina, é dar um sentido a vida.

Tudo muda quando damos um significado à nossa existência. Tudo muda quando adquirimos uma nova maneira de olhar o mundo; tudo muda quando adquirimos uma nova maneira de olhar as pessoas; tudo muda quando adquirimos uma nova percepção do sagrado. Tudo que você precisa é de uma nova cosmovisão. As pessoas estão cansadas de enxergar o mundo com a mesma ótica de sempre. Quando isso acontece, a vida não passa de um tédio.

Jesus nos convida a olhar para Deus na perspectiva de um filho. Para o rabino de Nazaré, esse Deus “inacessível” é Abba (“Paizinho”) – o primeiro vocábulo que uma criança aprende quando balbucia o nome da figura paternaDesse modo, Agostinho estava certo quando afirmou que “Deus é mais íntimo a nós que nós mesmos”. Jesus nos convida a olhar para as pessoas com os olhos da graça – Deus derrama sua graça sobre todos (Mateus 5.45) –, livre de julgamento (Mateus 7.1-5). Para Jesus, inclusive, o meu inimigo deve ser alvo do meu amor (Mateus 5.44). Jesus nos convida a olhar para a vida como quem tem um grande compromisso (Mateus 28.19-20).

Quando nossos olhos são abertos por Deus, então descobrimos que existe uma razão de viver. E isso implica em muita coisa. Tem a ver com a maneira como eu vivo aqui e agora, em todas as dimensões. Sim, esse ano pode ser diferente! E tudo vai depender daquilo que faz mais sentido pra você, ou melhor, daquilo que você vai realmente dar um novo significado. 

A minha oração não pode ser outra se não que a sua escolha seja olhar para o mundo com os olhos de Cristo; acredite, persevere (lembra que eu disse sobre errar mais e acertar mais e ganhar mais experiência?), a graça do Senhor está sobre a sua vida. Você agora tem um alvo, e no fim do caminho existe uma cruz.




terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Um Deus assim, não pode ser Deus.

UM DEUS ASSIM, NÃO PODE SER DEUS
Minhas inquietações

[...] Que Ele venha num estalar de dedos em um canto de Israel.
Mas, tinha que nascer criança?
Que seu lugar de nascimento seja em berço de ouro.
Deus que é Deus não nasce na manjedoura!
E por favor, que seja em Jerusalém dentro do templo.
Curral, com certeza não.
Que os clicks dos paparazzos registrem o nascimento de Deus
Não um conjunto de pastores insignificantes em Israel.
Que seja uma família de grande reputação.
Fofoca de adultério, não!
E que seja a melhor família. A mais abastada.
Criança que nasce pobre não parece filho de Deus.
Que seu final seja glorioso.
E que não seja pregado em uma cruz.
Quem morre num madeiro, padece abandonado.
Um Deus assim, definitivamente não se parece Deus.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A ENCARNAÇÃO DO AMOR: Entre o milagre e a cura


Esse é o mês que celebramos o nascimento de Jesus. [Essa talvez seja a maneira mais simples de falar, e, também mais pobre e menos poética]. Ou melhor [permita-me reformular a introdução], esse é o mês que celebramos a encarnação do Amor em Jesus Cristo. Se Deus é amor (I João 4.16), e se amar é um verbo, e o Verbo se fez carne (João 1.14), então é correto afirmar o que se pretende com: A encarnação do amor em Jesus Cristo.

Isso se aplica a todas as atuações de Jesus de Nazaré, e as intervenções do Deus na história.

E diz respeito a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus era com ele.” (Atos 10.38)

          Essa é a vocação para o qual fomos chamados pelo Nazareno, fazer o bem. Essa é a dimensão do Reino aqui e agora e o ainda não. Aqui e agora porque ele pode ser sinalizado em nossas ações neste presente momento, e ainda não porque de fato, esse Reinado ainda não se consumou por completo no khronos. Para a promessa do Reino que se estabelecerá por completo:

“Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram.” (Apocalipse 21.4)

“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro, o leão e o animal de engorda viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias se deitarão juntas; e o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da cobra, e a desmamada porá a mão na cova da víbora. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar.” (Isaías 11.6-9)
            
Mas, como afirmamos, a dimensão deste Reino pode ser vivida aqui e agora, quando encarnamos o amor de Jesus e vivemos nessa dimensão.

Essa é a dimensão que Francisco Bergoglio resolveu sinalizar como forma de expressão do Reino através de suas ações.
           
Nas palavras de Vinicio, o homem desfigurado pelos inúmeros tumores que encobrem seu corpo:

"O Papa não teve medo de me abraçar. Enquanto ele me acariciava, eu só sentia seu amor"

Vinicio, durante mais de 30 anos de convivência com sua doença, sentiu pela primeira vez – talvez – um toque de amor. Quando o amor se encarna, ele multiplica toques. Existem pessoas que só precisam de um abraço.

 E mais, nas suas palavras: “O Papa não teve medo de me abraçar”, quando o amor se encarna, perde-se o medo de distribuir amor.
           
 Enquanto Francisco lhe tocava, o homem das dores sentia seu amor.

            E isso muda tudo!
            A maneira como vemos a vida.
            A forma como olhamos o nosso irmão.
            A maneira de interpretar a Bíblia.
            A forma como estendemos as mãos.

   Vinicio, pode – e sejamos bem realistas – nunca receber o milagre tão sonhado, no entanto, ele já recebeu a cura.
           
  Que neste fim de ano, onde celebramos o Amor que se fez criança, não sejamos adeptos de uma espiritualidade empacotada e produzida que só pode ser vivida nesta época do ano; essa espiritualidade de muito céu e pouca terra, de muita transcendência e pouca imanência. Quem acaba desejando se tornar um anjo, acaba perdendo sua humanidade. Então...
           
            Distribua toques,
            Beije,
            Abrace,
            Acolha
            E se permita ser acolhido.
           
           Quando a gente recebe a cura, o milagre é o que menos interessa.

Leia a matéria:



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Keith Green e sua rejeição ao sucesso gospel.


"Keith Green estava no auge do seu "sucesso" quando começou a perceber que vender CD com músicas cristãs era comercializar o evangelho. 

Ele era músico, vivia disso. Mas chegou um tempo que ele não mais suportou e cancelou o contrato com sua gravadora e resolveu fazer os seus próprios discos e dar ao invés de vender.
Em suas apresentações, ele dizia no final: "Quem quiser o meu CD, deixe o seu nome e seu endereço, que até 6 semanas eles estarão chegando em sua casa." Pela graça de DEUS ele foi sustentado, e não só ele, mas a família dele, e muitos cristãos desabrigados que ele colocava para morar dentro de sua residência. As pessoas ao receberem o CD doavam alguma coisa no que podiam, ou quando podiam. Por um CD do Keith já chegaram a pagar tanto 1 dólar, quanto 5 mil. DEUS o sustentou. DEUS é Fiel e não abandona seus filhos.

Enquanto uns se denominam verdadeiros adoradores dizendo que só canta se pagar 80 mil reais, eu vejo a total confiança de um servo que abriu mão de todo o conforto e segurança do dinheiro que recebia para depender tão somente da providência daquele que o havia chamado. Ele faria 60 anos hoje, mas aprouve Deus levá-lo com apenas 28 anos de idade em 1982, mas ele definitivamente deixou um exemplo a ser seguido.

"Fiel é aquele que vos chama, e ele também o fará." (1 Tessalonicenses 5:24)



Mahmundi - Sentimento


O amor é um mar difícil
Tão fácil de se ver e admirar
Todo amor tem um artifício
Que não acaba e ninguém pode mudar

Guardo tanto tempo em mim
Tudo só pra te mostrar
Que vai valer a pena de verdade

Guardo tanto tempo em mim
Tudo só pra te mostrar
Que o amor é tudo que me interessa

O amor é um mar difícil
Mas é tão fácil de se ver e admirar
Todo amor tem um artifício
Que não acaba e ninguém pode mudar

Guardo tanto tempo em mim
Tudo só pra te mostrar
Que vai valer a pena de verdade

Guardo tanto tempo em mim
Tudo só pra te mostrar
Que o amor é tudo que me interessa