“Pai
nosso que está nos céus”.
Mateus
6.9
Em tempos do Antigo Testamento, toda aproximação
mediante a Deus, se fazia por meio de sacrifícios, através de uma pessoa única
e exclusiva: o sacerdote. Ainda existia um véu – de grande espessura – que
separava o local sagrado da presença de Deus, o Santo dos Santos. Mas todo esse
protocolo foi “quebrado” quando Jesus chamou Deus de Pai. A palavra utilizada
por Jesus em hebraico, equivale ao termo: “Abba”. Somente Jesus ousou chamar
Aquele que tinha seu nome impronunciável – YHWH – isto é, Deus; de “Abba”. Os
profetas e escritores do Antigo Testamento consideravam Deus como Pai, mas
jamais ousaram se dirigir a Ele dessa maneira.
“Abba
é um vocábulo que nos faz lembrar o balbuciar de um bebê que ainda não aprendeu
a falar. Alguns tradutores sugerem que o mais próximo que temos em português é
a expressão de nossa infância, “papai”, “paizinho”, mas não chega a tanto [...]
Jesus nos incentiva a tratar o Deus Altíssimo como Abba”.
Mas
observe que na oração de Jesus, Ele se refere ao “Pai nosso que está nos céus”.
Mas, após o evento de Pentecostes no livro de Atos, o pastor e teólogo batista,
Ariovaldo Ramos afirma que: “Deus trocou de endereço”. Ele não só habita nos
céus, mas também na terra entre os homens. Jesus mesmo disse que aonde dois ou
mais se reunirem em seu nome, ali, Ele estaria em nosso meio (Mateus 18.20). E
onde a Jesus se faz presente, Deus, o Pai, também se faz presente junto com a
Trindade, haja vista que Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, são um.
Esse é o mistério presente ainda hoje, além da capacidade de compreensão
humana. Já dizia um cantor popular: “Quem me dera ao menos uma vez entender
como um só Deus ao mesmo tempo é três”
Mas
é justamente o amor que Deus tem por nós que nos possibilitou e nos possibilita
uma aproximação sem protocolos, sem burocracias. E nós, colocamos esse ciclo em
movimento quando nos aproximamos diante d’Ele, única e exclusivamente, por
amor. Um amor que gera intimidade.
Diante
de Deus, o impostor que vive em mim fica completamente desnudo. Despido. Não
precisamos deixar de ser o que somos, nem esconder as nossas mazelas e as
nossas feridas para passarmos uma falsa imagem de que somos fortes e que
conseguimos suportar muito bem os obstáculos da vida. Não! Não conseguimos. Brennan
Manning afirma que: “Nós nos recusamos a ser o “eu” verdadeiro até mesmo diante
de Deus – e aí nos perguntamos por que nos falta intimidade com Ele”.
Tiago
afirma em sua epístola no capítulo 2, verso 23: “Cumpriu-se assim a Escritura que diz: ‘Abraão creu em Deus, e isso lhe
foi creditado como justiça’, e ele foi chamado amigo de Deus”. Abraão
porque creu, obedeceu quando chegou a oferecer seu filho Isaque e foi
justificado, tornando-se amigo de Deus. Existe um louvor infantil da cantora
Aline Barros, onde ela faz as crianças cantarem: “Eu quero ser amigo de Deus”.
É justamente esse amor puro de uma criança, na intimidade do dia-dia, em nossas
orações, que temos a graciosidade de chamarmos Deus de Pai e amigo. Jesus ainda
nos diz: “Vocês serão meus amigos, se
fizerem o que lhes ordeno” (João 15.14).
Lá
no “comecinho” da Bíblia, encontramos um homem que pouco sabemos a história, ou
melhor, nada sabemos senão que “Enoque
andou com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus o havia chamado para si”
(Gênesis 5.24).
Devemos
andar com Deus de tal maneira que sejamos íntimos de Deus; como quem se
aproxima por amor; como quem se aproxima única e exclusivamente porque “o véu do santurário rasgou-se em duas
partes, de alto a baixo” (Marcos 15.38). E porque cremos no seu nome, recebemos
o direito de sermos filhos de Deus (João 1.12).
Que possamos pedir em
oração a intimidade necessária, que gera amizade, amor, santidade e devoção, a
fim de que nós andemos com Deus e isso já nos basta.
Bibliografia utilizadas:
Talmidim: O passo a passo de Jesus. Ed René Kivitz
O impostor que vive em mim. Brennan Manning
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