Encontro
frequentemente com pessoas que estão cansadas de sua existência; que desistiram
da vida. Por vezes, fico me perguntando em que momento de sua história essas
pessoas se depararam com aquilo que lhe é mais amargo. Por certo, estamos
imersos e inseridos em uma sociedade consumista e globalizada onde as relações
humanas são vistas como objetos e carentes de humanidade. Estranho paradoxo.
As
cobranças sociais, familiares e pessoais são intensas. O ser humano vive assim
pressionado por uma demanda que nem mesmo ele conseguirá satisfazer a si mesmo.
A busca pela perfeição é esmagadora, quando na verdade deveria ser utópica, nos
fazendo caminhar sempre para frente; nos impulsionando.
Existe
ainda aqueles que buscam nas relações objetais transitórias, preencher o vazio
de sua alma, regados a sexo, drogas, devorando tudo o que vê à sua frente,
freqüentando religiões dos mais diversos segmentos, etc. Porque homem tem em si
o desejo ardente da satisfação dos prazeres primários e instintivos. Nunca
plenamente saciados. Que fique bem claro!
A ânsia e o desejo da realização
pessoal, é extremamente egoísta e egocêntrica. Trabalhamos e nos relacionamos,
afinal de contas para o nosso “bel prazer”. E se alguém se relaciona com outra
pessoa justamente porque essa só lhe faz bem, o que ela de fato deseja não é o
relacionamento com essa pessoa, mas o bem que ela lhe faz. Paulo Brabo afirma
que “não amamos as pessoas, amamos suas competências (...) nossa tendência mais
natural é amarmos as pessoas pelo que elas são capazes de fazer. Nisso consiste
a Lei Crua do Amor”. Sendo assim, afirma ele: “Sei muito bem aqueles que me
sinto tentado a amar: os virtuosos, os compassivos, os bonitos, os fluentes, os
criativos...”. Logo, aquilo que mais fazemos é estabelecer critérios de relacionamentos.
“Aqueles que não tem nenhuma competência para oferecer – os feios, os
desajeitados, os que não sabem cantar, os que não sabem agradar (...) intuem
por sua vez, que nunca serão amados de forma unânime e intensa como os
notáveis”.
Trocamos de celular; trocamos de drogas
(embora eu não as use mais há quase cinco anos. A única droga que agora consumo
é esse lixo gospel. Estou tentando me libertar), trocamos a marca do cigarro
(embora eu não fume mais há mais de 5 anos), trocamos de cônjuge (embora eu
esteja com minha esposa mais de 9 anos), trocamos de religião (embora esteja na
Igreja Batista a 5 anos) porque somos instáveis e inseguros. Tudo para nos
sentirmos cada vez mais “felizes” e realizados.
O que
torna a existência humana tão "pesada" e cansativa é a busca
incansável pela felicidade, pelos prazeres do ego e da vaidade que sempre
buscam objetos transitórios e nunca serão plenamente satisfeitos. Isso é
escravizador.
A busca
incansável pela liberdade, inclusive, pode ser a maior prisão.
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