Esse
é o mês que celebramos o nascimento de Jesus. [Essa talvez seja a maneira mais
simples de falar, e, também mais pobre e menos poética]. Ou melhor [permita-me
reformular a introdução], esse é o mês que celebramos a encarnação do Amor em
Jesus Cristo. Se Deus é amor (I João 4.16), e se amar é um verbo, e o Verbo se
fez carne (João 1.14), então é correto afirmar o que se pretende com: A
encarnação do amor em Jesus Cristo.
Isso
se aplica a todas as atuações de Jesus de Nazaré, e as intervenções do Deus na história.
“E diz respeito a Jesus de Nazaré, como Deus o
ungiu com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem
e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus era com ele.” (Atos 10.38)
Essa é a vocação para o qual fomos chamados pelo Nazareno, fazer o bem. Essa é a dimensão do Reino aqui e agora e o ainda não. Aqui e agora porque ele pode ser sinalizado em nossas ações neste presente momento, e ainda não porque de fato, esse Reinado ainda não se consumou por completo no khronos. Para a promessa do Reino que se estabelecerá por completo:
“Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima; e não haverá mais
morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porque as primeiras coisas já
passaram.”
(Apocalipse 21.4)
“O
lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito. O bezerro,
o leão e o animal de engorda viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá. A vaca
e a ursa pastarão juntas, e as suas crias se deitarão juntas; e o leão comerá
palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da cobra, e a
desmamada porá a mão na cova da víbora. Não se
fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do
conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar.” (Isaías 11.6-9)
Mas, como afirmamos, a dimensão deste Reino pode ser vivida aqui e agora, quando encarnamos o amor de Jesus e vivemos nessa dimensão.
Essa é a dimensão que Francisco Bergoglio resolveu sinalizar como forma de expressão do Reino através de suas ações.
Nas palavras de Vinicio, o homem desfigurado pelos inúmeros tumores que
encobrem seu corpo:
"O Papa não teve medo de me abraçar. Enquanto ele me acariciava, eu
só sentia seu amor"
Vinicio, durante mais de 30 anos de convivência com sua doença, sentiu pela
primeira vez – talvez – um toque de amor. Quando o amor se encarna, ele
multiplica toques. Existem pessoas que só precisam de um abraço.
E mais, nas suas palavras: “O Papa não teve medo de me abraçar”, quando o amor
se encarna, perde-se o medo de distribuir amor.
Enquanto Francisco lhe tocava, o homem das dores sentia seu amor.
E isso muda tudo!
A maneira como vemos a vida.
A forma como olhamos o nosso irmão.
A maneira de interpretar a Bíblia.
A forma como estendemos as mãos.
Vinicio, pode – e sejamos bem realistas – nunca receber o milagre tão sonhado,
no entanto, ele já recebeu a cura.
Que neste fim de ano, onde celebramos o Amor que se fez criança, não sejamos
adeptos de uma espiritualidade empacotada e produzida que só pode ser vivida
nesta época do ano; essa espiritualidade de muito céu e pouca terra, de muita
transcendência e pouca imanência. Quem acaba desejando se tornar um anjo, acaba
perdendo sua humanidade. Então...
Distribua toques,
Beije,
Abrace,
Acolha
E se permita ser acolhido.
Quando a gente recebe a cura, o milagre é o que menos interessa.
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