A SALVAÇÃO É INTEGRAL!
“Quando se aproximaram de Jesus e viram o endemoninhado, o que fora possuído pela legião, sentado, vestido e em perfeito juízo, ficaram com medo.” (Marcos 5.15)
Durante muito tempo fui
acostumado a interpretar essa passagem com ênfase no grande duelo que Jesus
travou com os demônios que atormentavam esse rapaz. A maneira como se deu o
embate e a autoridade que Jesus exerceu sobre aquela “legião”, de fato,
sobressaltam o texto. No entanto, existe algo muito mais belo, singular e
humanizador quando encontramos o que antes fora possesso, muito bem vestido e
“em perfeito juízo”. De fato, para quem pode visualizar a cena inicial, é
assustador.
Aquele homem vivia possesso
por um “espírito impuro” (Almeida Século XXI), “imundo” (RC e RA). Impuro e
imundo são expressões de algo que se tornou sujo, nojento; geralmente com uma
aparência bastante assustadora. Esse era o retrato daquele homem. Nele não
havia mais beleza, pois os demônios são doutorandos em roubar a beleza. Os
demônios transformam sempre o belo em algo feio, horripilante.
O seu lugar de morada tinha
cheiro de morte; ele “veio dos sepulcros” (5.3), habitava em um cemitério,
mantinha contato direito com os cadáveres. Sua força era descomunal! “... nem
mesmo com correntes alguém era capaz de prendê-lo, porque ele havia sido preso
muitas vezes com algemas e correntes, mas as correntes eram quebradas por ele,
e as algemas, despedaçadas. Ninguém tinha força para dominá-lo” (5.4).
Diz ainda o texto, que
aquele homem não tinha sono, pois “noite e dia, ele andava sempre gritando”.
Não tinha nem garganta! A sua voz ia se esvaindo a cada berro. Os demônios
também são responsáveis por minar as nossas energias, os nossos recursos, a
nossa saúde. Há muito tempo ele não dormia. Esses espíritos peçonhentos também
roubam o sono, pois Deus também mora no sono. Aquele homem foi roubado de si.
Num estágio ainda mais degradante, ele se mutilava e se feria “com pedras pelos
sepulcros e pelos montes” (5.5). Eles querem destruir o corpo!
De repente, o encontro, o
contraste; o confronto: A vida x morte; a beleza x feiura; a saúde x doença; a
liberdade x prisão; Jesus x demônio. Agora aquele homem agora podia dormir, ele
estava livre, havia recuperado a beleza; “sentado”, “vestido”, “em perfeito
juízo”, com saúde mental, emocional e física, havia recuperado a sua voz, no
seu corpo não havia marcas. O que antes era considerado inimputável agora podia
reconstruir sua própria história. Ao perceber que Jesus ia saindo, desejou ir
com ele, “Jesus, porém, não lhe deu permissão, mas disse: Vai para casa, para a
tua família, e anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia
de ti” (5.19). O Senhor, com o seu coração havia enxergado a miséria daquele
homem; miseri-córdis. Ele agora tinha uma missão! O encontro com Jesus é sempre
emancipador. O encontro com Jesus é sempre humanizador. A salvação nunca é só
da alma, é também material. A salvação é por inteiro, por completo, é integral!
Nossas instituições, nossas igrejas, estarão mais perto da mensagem e da práxis
de Jesus quando perceber que o cumprimento da sua missão é sempre o
comprometimento com a vida, porque de alma já lotamos o céu inteiro (Jesus
pouco falou ou nada falou de alma, mas de vida. Jesus poderia somente salvar a
alma daquele rapaz, mas Deus-lhe vida!). E que Deus nos abençoe, a cumprir o
seu ide, a cumprir o nosso papel remidor na história; a reverter os processos
demonizados e demonizantes; a fazermos obras maiores, porque Ele foi para o Pai
(João 14.12), mas também está com a gente!
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